sábado, 30 de junho de 2012

Rito Escocês Antigo e Aceito na França


Um amigo meu me garantiu que o Rito Escocês não está subordinado ao Grande Oriente de França. Pelo contrário: o Soberano Grande Commendador Jean Guillaume Viernet resistiu ao Grão-Mestre Magnan (o marechal do exército francês que não era Maçom e foi imposto por Napoleão III para pacificar a Maçonaria francesa) e jamais se submeteu. O Supremo Conselho de França, Corpo autônomo e independente, só abriu mão dos três primeiros Graus quando essa separação ficou definida por influência do Supremo Conselho de Charleston”. Isso está correto?

Não. Seu amigo está confundindo coisas diferentes. Vamos por partes. Primeiro, não existe, como organização, “o Rito Escocês”. O que existem são Supremos Conselhos, organizações que controlam a prática do Rito.

Na França existem, pelo menos, TRÊS Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito que são importantes, têm peso e são considerados legítimos pelos franceses.  É sempre fundamental sabermos de qual deles estamos falando e não misturar um com o outro.

Vamos explicar resumidamente:  

1.  Em outubro de 1804, após a fundação do primeiro Supremo Conselho do REAA em 1801 em Chaleston, o Conde de Grasse-Tilly retornou a França e fundou, em Paris, o segundo Supremo Conselho do REAA no mundo.

2. A partir de 1805 (aindo no governo de Napoleão I), o Grande Oriente de França se apoderou do controle do Supremo Conselho do REAA (tratado de dezembro de 1804). 

3. Em 1815, o Supremo Conselho do REAA subordinado ao Grande Oriente de França passa a se chamar “Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté”.

4. Em 1821, é fundado um outro Supremo Conselho do REAA, o “Suprême Conseil de France”, potência maçônica independente e soberana, controlando do grau 1 ao 33, e criando por conta própria lojas simbólicas. Esse Supremo Conselho se considera (por algumas razões) também como uma continuação do Supremo Conselho original fundado em Paris pelo Conde Grasse-Tilly em 1804. Foi esse Supremo Conselho, que o  Grande Oriente de França, sob o comando do Grão-Mestre Marechal Magnan, tentou absorver, durante o governo de Napoleão III. O Soberano Grande Commendador DESSE Supremo Conselho era, na época, Jean Guillaume Viernet.

5. Embora em 1897, o “Suprême Conseil de France” tenha criado uma Grande Loja (“Grande Loge de France”) e tenha em 1904 delegado a essa Grande Loja a emissão de cartas constitutivas de Lojas, permanece até hoje com o “Suprême Conseil de France” o controle de todos os seus graus (de 1 a 33).  

6. Em 1964, há um cisma no “Suprême Conseil de France”, e o Soberano Grande Comendador Charles Riandey, junto com outro 400 irmãos se retiram. Acreditavam, erroneamente, que com isso o “Suprême Conseil de France” deixaria de existir.

7. Em 1965, contando com o apoio do Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos, Charles Riandey e os dissidentes fundaram um Supremo Conselho do REAA, nos moldes americanos, chamado “Suprême Conseil pour la France” que é o único reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos. O “Suprême Conseil pour la France” trabalha junto com a “Grande Loge nationale française

Portanto, é verdade que:

A. O Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente de França (“Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté”) está subordinado ao Grande Oriente França, através do Colégio de Ritos.

B. Há um outro Supremo Conselho do REAA, o Suprême Conseil de France” que resistiu bravamente a tentativa de ser incorporado ao Grande Oriente. Mas, que não abriu mão de grau nenhum e nem é reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos.

C. Há um terceiro Supremo Conselho do REAA, o “Suprême Conseil pour la France”, fundado em 1965 e que é o reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos. 

Você pode ler um bom resumo da História do REAA na França em:

Ou pode consultar também diretamente os sites:

A. Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté

B. Suprême Conseil de France

C. Suprême Conseil pour la France

O avental do Arco Real inglês

Já ouvi dizer, no Real Arco americano, que o avental do Arco Real inglês tem uma orla dentada azul (do simbolismo) e vermelho (dos altos graus) justamente para indicar que o Arco Real inglês continua sendo parte dos Graus Simbólicos.  Isso é verdade?

Isso não tem nenhum fundamento. Embora o uso de certas cores na Maçonaria apareçam em diversos ritos, países e sistemas maçônicos, elas não são usadas da mesma forma e muitas vezes sequer simbolizam a mesma coisa.

O azul é cor do simbolismo nos Estados Unidos e o vermelho é a cor dos graus capítulares do Real Arco americano, assim como o negro é a cor dos graus de Cavalaria americana. Nos Estados Unidos, cada cor substitui a anterior.

O uso das cores na Maçonaria britânica (inglesa, escocesa e irlandesa) é semelhante, porém diferente. O azul é a cor por excelência da Maçonaria como um todo e em especial do simbolismo  e o vermelho é a cor do Arco Real, porém o vermelho é usado em adição ao azul. Há aventais na Irlanda com borda azul, vermelha e negra para indicar que seu portador era Mestre Maçom, Mestre do Arco Real e Cavaleiro Templário.

Reforçamos o ponto: é um erro querer interpretar o uso das cores de um sistema maçônico (inglês, por exemplo) pelos critérios de uso que essas cores têm em outro sistema (americano, por exemplo).

Vale também observar que as divergências na forma de usar as cores e nos seus  significados são maiores ainda quando consideramos outros países e ritos. Por exemplo, o vermelho é utilizado no simbolismo: o avental de Mestre (grau 3) da COMAB aqui no Brasil é vermelho, e nossos irmãos do Rito Brasileiro, já usam uma gravada vermelha (bordeaux) desde do grau 1.

Por fim, vale relembrar que, SE o Arco Real inglês fosse realmente parte dos Graus Simbólicos, ele estaria mais próximo ainda do antigo Arco Real como era praticado na Grande Loja dos Antigos. Lá, o Arco Real realmente era parte dos Graus Simbólicos.

sábado, 2 de junho de 2012

Esclarecendo “Real Arco & Arco Real”

Li num certo artigo entitulado “Real Arco & Arco Real” que a Grande Loja de Londres e Westminster (Os Modernos) não aceitava “nem a pau” (como diz aquele artigo) o Arco Real enquanto que Grande Loja dos Antigos o praticava e que a solução, na fusão das duas Grandes Lojas em 1813, foi transformar o Arco Real em um grau lateral. Foi isso realmente o que aconteceu?

Não. Não foi isso o que ocorreu.  Primeiro observe que a primeira ata do primeiro Grande Capítulo do Arco Real ligado a Grande Loja de Londres e Westminster é datada de 22 de março de 1765, e que em 11 de junho de 1766, o Grande Capítulo exaltou o Grão-Mestre da Grande Loja de Londres e Westminster (a primeira Grande Loja), o qual se tornou imediatamente Grande Principal do Grande Capítulo. Portanto “Os Modernos” já praticavam o Arco Real bem antes da fusão em 1813.

Você pode ler um pouco da História do primeiro Grande Capítulo em:

A divergência entre a Grande Loja de Londres e  Westminster e a Grande Loja dos Antigos NÃO era sobre aceitar ou não o Arco Real.  A divergência relativa ao Arco Real era que a Grande Loja de Londres e  Westminster via esse grau como um grau adicional, separado da Maçonaria Simbólica, enquanto que a Grande Loja dos Antigos o via literalmente como parte integrante da Maçonaria Simbólica, em particular como parte do terceiro grau.

Você mesmo pode conferir a visão da Grande Loja dos Antigos sobre o Arco Real em:

e também na Enciclopédia de Mackey, verbete “York Rite”, na página 1036,  em:

Vale também notar que Dr. Mackey apresenta um argumento interessante de que mesmo antes da fundação do primeiro Grande Capitulo do Arco Real, em 1765, a Grande Loja de Londres e Westminster (chamada também de “the legal, or constitutional, Grand Lodge”) já praticava o conteúdo  Arco Real, porém com parte integrante do terceiro grau. 

Veja Enciclopédia de Mackey, verbete “Royal Arch Degree”, páginas 757 a 760, em:


Mas por que o início do segundo artigo do Tratado de União, em 1813, entre as duas Grandes Lojas rivais inglesas é “A antiga pura Maçonaria consiste de três graus e somente três, isto é, Aprendiz, Companheiro e Mestre, incluindo o Sagrado Arco Real [...].”? Como entender que 3 são 4?
   
Recapitulemos, de um lado temos a Grande Loja de Londres e Westminster (os Modernos) que praticava, pelo menos desde 1765, o grau do Arco Real como um grau adicional, separado da Maçonaria Simbólica; do outro lado temos a Grande Loja dos Antigos que praticava o Arco Real como parte integrante da Maçonaria Simbólica, em particular como parte do terceiro grau.

A frase no início do segundo artigo do Tratado de União de 1813 extremamente inteligente porque pode ser lida de duas maneiras diferentes. Quem era da Loja de Londres e Westminster (os Modernos) leria que a “antiga e pura Maçonaria” era feita de três graus e mais o grau do Arco Real, o que coincidia com a visão dos “Modernos”. Por outro lado, quem era da Grande Loja dos Antigos leria que Arco Real estava incluindo no grau de Mestre, o que coincidia com a visão dos Antigos. 


A Grande Loja dos Antigos tinha também um Grande Capítulo do Arco Real?

Sim, mas como a Grande Loja dos Antigos via o Arco Real como parte da Maçonaria Simbólica,  esse Grande “Capítulo” do Arco Real da Grande Loja dos Antigos nada mais era do um Comitê, uma Comissão, dentro da Grande Loja dos Antigos.

Você pode ler isso e mais detalhes sobre isso em:


Li, naquele mesmo artigo entitulado “Real Arco & Arco Real”, que após a fusão das Grandes Lojas, o Grande Capítulo do Arco Real foi colocado subordinado a Grande Loja Unida, por haver suspeita e medo do que veio de fora da Inglaterra e para melhor controlá-lo. É verdade?  

Essa afirmativa não tem sentido, por pelo menos dois motivos:

  1. Nas duas Grandes Lojas (dos Modernos e dos Antigos), os Grandes Capítulos do Arco Real já eram subordinados às respectivas Grandes Lojas.

  1. Na Escócia, quando os Capítulos do Arco Real se organizaram, eles também buscaram se colocar “sob a asa” da Grande Loja da Escócia, porém essa Grande Loja não aceitou. 

Você pode ler isso e mais detalhes na seção de História (History) do site do próprio Supremo Grande Capítulo do Arco Real da Escócia :

Além disso, como podemos ler no site do Grande Capítulo do Distrito de North Munster do Arco Real da Irlanda:

‘However, Royal Arch workings have been an integral part of Craft Masonry since “Time Immemorial” and before 1830, it was the Irish Tradition to work Higher Degrees under the sole authority of a Craft Warrant.’

ou seja

‘No entanto, a ritualística de Arco Real foi uma parte integrante da Maçonaria Simbólica desde “tempos imemoriáveis” e antes de 1830, foi a Tradição Irlandesa trabalhar os graus superiores sob a autoridade apenas de uma Carta Constitutiva [Warrant]  do Simbolismo.’

Veja, por você mesmo, em:


Ainda naquele artigo entitulado “Real Arco & Arco Real”, encontramos que “É preciso entender que o Arco Real inglês continua parte dos Graus Simbólicos, tal como determinado pelos artigos da União de 1813.” Isso é verdade, o Arco Real inglês é parte dos graus simbólicos?

Não. Aqui está se confundindo dois conceitos diferentes: O Grande Capítulo do Arco Real Inglês é subordinado a Grande Loja Unida da Inglaterra, mas isso não significa que o Arco Real inglês seja parte dos graus simbólicos. São dois conceitos distintos. Por exemplo, o Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito do Grande Oriente de França (Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté) está subordinado ao Grande Oriente França, através do Colégio de Ritos, mas isso não quer dizer que os 30 graus (de 4 ao 33) do Rito Escocês Antigo e Aceito no Grande Oriente  de  França tenham se tornado parte dos graus simbólicos.

Vale ainda notar que a visão de que o Arco Real é parte integrante dos graus simbólicos é exatamente a visão da Grande Loja  dos Antigos. Visão essa que acabou não prevalecendo. Note também que a versão do Arco Real que mais se afastou do Arco Real como entendido e praticado na Grande Loja dos Antigos foi justamente o Real Arco americano, o qual não só propôs uma total independência do Real Arco em relação a Maçonaria Simbólica como criou graus totalmente novos, americanos, como por exemplo, Mui Excelente Mestre.  


De onde vem a noção de que as Potências Filosóficas tem que ser independentes das Potências Simbólicas?

Essa noção vem dos Estados Unidos. Ela surgiu no final do século XVIII e começo do século XIX, quando as primeiras Potências Filosóficas (Supremo Grande Capítulo do Real Arco, Grande Acampamento da Cavalaria e Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito) se organizaram nos Estados Unidos.  A Maçonaria Simbólica lá estava dividida em dezenas de Grandes Lojas Estaduais, todas independentes entre si e nem todas se reconhecendo mutuamente. Isso tornava simplesmente impossível buscar qualquer vínculo das Potências de Maçonaria Filosófica (graus além do terceiro grau) com a Maçonaria Simbólica.

Até o final do século XX, ainda havia problemas de reconhecimento mútuo entre as Grandes Lojas Estaduais americanas. Até hoje, a Maçonaria Simbólica nos Estados Unidos é dividida em 51 Grandes Lojas Estaduais (50 Estados e um Distrito federal), todas independentes entre si, apesar dos acordos de mútuo reconhecimento que hoje existem.   

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Ainda sobre Webb e o Rito de York americano


É verdade que Thomas Smith Webb catalogou, organizou e codificou todos os rituais antigos e fez um conjunto de 13(treze) rituais, de forma condensada, em um monitor e denominou-os de “Rito York”?

Não, não é verdade. Resumidamente, os fatos são:

1. Os trabalhos de Webb incluiam apenas os graus do Capítulo do Real Arco e da Cavalaria, e não incluiam nenhum dos graus crípticos.

2. Foi Jeremy L. Cross quem catalogou, organizou e codificou os rituais de Mestre Real e Mestre Escolhido (graus crípticos)

3. Só em 1859, 40 anos após a morte de Webb, é que Rob Morris reeditou o livro de Webb ("The Freemason's Monitor") incluindo os graus crípticos (Mestre Real e Mestre Escolhido).

4. Importante: nem Webb, nem Cross, nem mesmo Morris utilizaram o termo "Rito de York" (York Rite) em suas obras.

Veja mais detalhes nos nossos artigos:



quinta-feira, 12 de abril de 2012

Evolução da denominação usada para o Rito de York americano


Quando o termo “Rito de York” começou a ser usado oficialmente para o Rito de York americano?

Como já explicamos em nossa mensagem Esclarecendo o termo “Rito de York”,  o termo “Rito de York” (e "Maçonaria de York") foi, e ainda é, usado, fora da Inglaterra, em vários países (inclusive por escoceses, irlandeses e franceses), para designar os graus superiores (além do grau 3) dos sistemas anglo-saxões.  Nesse sentido o termo “Rito de York” parece ter sido usado de maneira informal também para a sistema americano (um dos sistemas anglo-saxões), desde o seu começo.

Mesmo hoje em dia, não existe nada que torne “oficial”, propriamente dito, o uso do termo “Rito de York” para designar o Rito de York americano. Mas vale revermos um pouco de História da Maçonaria para entendermos como a denominação evoluiu e como somente a partir de 1957, o termo “Rito de York”  começou a ser usado de maneira menos informal para designar o Rito de York americano.

Porém como observamos em nossa mensagem Thomas Smith Webb e o Rito de York americano, Thomas Smith Webb nunca usou o termo “York Rite” (Rito de York), nem em seu livro “The Freemason’s Monitor”, nem nas constituições (estatutos) do General Grand Chapter of Royal Arch Masons (1799) e Grand Encampment of the United States (1816).

Consideremos agora Jeremy Ladd Cross, discípulo de Webb, que organizou os graus crípticos e participou da fundação de Conselhos Crípticos, sendo portanto o “pai e fundador” da Maçonaria Críptica nos Estados Unidos. Jeremy Cross publicou, em 1819, o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic Monitor”, contendo, além dos três graus simbólicos, os quatro graus capitulares do Real Arco (Mestre de Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre, Mestre do Real Arco) e mais dois graus crípticos: Mestre Real  e Mestre Escolhido. 

É importante observar que o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic Monitor”, publicado 22 anos após a primeira edição do “The Freemason’s Monitor” de Webb, também não menciona o termo “York Rite” (Rito de York) e não incluí todos os graus do Rito de York americano.  E mesmo na sua quarta edição, revisada e ampliada, publicada em 1826, o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic Monitor” ainda não menciona o termo “York Rite” (Rito de York) e ainda não incluí todos os graus do Rito de York americano.

Você pode ver por si mesmo, consultando o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic Monitor”, quarta edição, revisada e ampliada, publicada em 1826, nos sites:


Fica claro portanto que pelo menos até 1826, se considerava os Capítulos do Real Arco, os Conselhos Crípticos e as Comanderias como três corpos maçônicos independentes, e não como partes de um todo.

Nessa época, o termo “Rito York”, se é que era usado para designar o Rito de York americano, o era de maneira informal, mais como sinônimo dos graus capitulares do Real Arco, do que para indicar o Rito de York americano como entendemos hoje.  Isso seria até certo ponto consistente a prática irlandesa e escocesa de chamar os graus superiores da Maçonaria britânica de Rito de York.

Em 1858, na quarta edição do “A Lexicon of Freemasonry” de Albert Mackey, encontramos o termo “York Rite” (Rito de York) definido, na página 522, como o rito praticado em todas as lojas inglesas e americana “embora tenha se desviado um pouco de sua pureza”.  Mackey explica que originalmente esse rito consistia apenas dos três graus simbólicos, mas que nos Estados Unidos se acrescentaram quatro outros graus (os graus capitulares do Real Arco) e comenta que em alguns estados se acrescentam ainda outros dois Mestre Real e Mestre Escolhido.

Você pode consultar por si mesmo o livro “A Lexicon of Freemasonry” de Albert Mackey, quarta edição, 1858, em:

Em 1859, quarenta anos após a morte de Thomas Smith Webb, Rob Morris reeditou o livro de Webb “The Freemason’s Monitor”, fazendo algumas alterações importantes: incluiu, baseado no trabalho de Jeremy L. Cross, os graus Crípticos de Mestre Real (Royal Master) e Mestre Escolhido (Select Master) e retirou os graus de Loja de Perfeição do Rito Escocês Antigo e Aceito.  Rob Morris também incluiu um apêndice com “Uma Sinopse da Lei Maçônica” de sua autoria.

O grau de Super-Excelente Mestre ainda não foi incluído e nos graus de cavalaria Morris ainda manteve a ordem descrita por Webb, e que é de origem inglesa: o grau de Cavaleiro de Malta vindo após o grau Cavaleiro Templário. Apesar disso, é inegável que a obra de Morris essencialmente reflete o Rito de York americano como hoje o entendemos. No entanto, a obra de Morris não menciona o termo “York Rite” (Rito de York) nenhuma vez.  

Você pode consultar por si mesmo o livro “The Freemason’s Monitor” de Webb e Morris, 1859, em:
  
Em 1873 e 1875, Albert Mackey publica a “Encyclopedia of Freemasonry” que no verbete “American Rite” registra: “Tem sido proposto, e eu creio que acertadamente, dar este nome para a série de graus praticados nos Estados Unidos. O Rito de York, que é o nome pelo qual esse graus são usualmente designados, é com certeza um nome inadequado, pois o Rito de York propriamente dito consiste apenas dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo nesse último grau o Sagrado Arco Real.”  Fica claro, que duas nomenclaturas estão em uso: Rito Americano e Rito de York sem que nenhuma seja oficial.

Em seguida, ainda no verbete “American Rite”, Mackey registra que o rito teria, a rigor, nove graus: os três simbólicos mais Mestre de Marca, Past Master, Muy Excelente Mestre, Mestre do Real Arco, Mestre Real e Mestre Escolhido. Comente que alguns Conselhos Crípiticos incluem um décimo grau honorífico chamado Super-Excelente Mestre, mas que muitos Conselhos Crípticos repudiam tal grau mesmo como apenas honorífico.  Mackey também comenta que há também os três graus de Cavalaria, mas que esses dificilmente podem realmente ser considerados parte do Rito Americano, pois funcionam independente e nem mesmo é requerido ser ter os graus de Mestre real e de Mestre Escolhido para receber os graus de Cavalaria. Mackey conclui que o Rito Americano  propriamente dito consiste só do nove graus citados acima.

Você pode ler a integra do texto do verbete “American Rite”, na página 69,  em:

No verbete “York Rite”, Mackey reforça que o Rito de York propriamente dito consiste apenas dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo nesse último grau o Sagrado Arco Real. Mackey continua: “Nos Estados Unidos, tem sido um uso quase universal chamar a Maçonaria praticada lá de Rito de York. Mas ela não tem mais direito a esse nome do que teria ao nome Rito Antigo e Aceito ou Rito Francês, ou Rito de Schröder. Ela não tem como pretender-se Rito de York. Dos seus três graus iniciais, o grau de Mestre é a versão mutilada que justamente afastou a Maçonaria inglesa do Rito de York, e além disso, acrescentou a esses três graus iniciais outros seis graus que são completamente desconhecidos para o antigo Rito de York.”

Vemos portanto que Mackey, em 1875, é claramente favorável a nomenclatura “Rito Americano” e considera um erro chamar a Maçonaria praticada nos Estados Unidos de “Rito de York”.

Você pode ler a integra do texto do verbete “York Rite”, na página 1036,  em:

Albert Mackey faleceu em 1881, mas sua “Encyclopedia of Freemasonry” teve várias reedições, e talvez por influência dela, vemos claramente até meados do século XX  a denominação “American Rite” (Rito Americano) sendo usada de maneira mais formal e o nome “York Rite” (Rito de York) de maneira mais informal. 

Por exemplo, em 1916, J. L. Carson, num artigo na revista maçônica “The Builder” escreve um artigo falando sucintamente sobre alguns ritos maçônicos. No item  “The American Rite”, ele escreve “O Rito Americano, ou Rito de York como é comumente embora erroneamente chamado, é peculiar aos Estados Unidos da América, e o termo Rito Americano é perfeitamente aplicável”.  Em seguida, ele lista os treze graus: incluindo o Super-Excelente Mestre nos graus Crípticos, mas ainda colocando Cavaleiro de Malta depois de Cavaleiro Templário. Veja em:

Outro exemplo: em 1942, William B. Greer publica seu  livro com o título “American Rite of Freemasonry Commonly Known As the York Rite” (“Rito Americanos de Franco-maçonaria comumente conhecido como Rito de York”). Veja em:  

Finalmente, em 1957, é fundado em Detroit, Michingan, o “Soberano Colégio do Rito de York da América do Norte” (“York Rite Sovereign College of North America”).  Veja, por exemplo, em : 

Só a partir então de 1957, a denominação "Rito de York" começou ser usada de maneira menos informal para o Rito Americano, mesmo assim até hoje muitos preferem a denominação Rito Americano e a utilizam mesmo em publicação e sites oficiais. Por exemplo:

Uma terceira prática, surgida depois de 1957, é usar a denominação combinada: Rito de York Americano (“American York Rite”).

terça-feira, 10 de abril de 2012

Divergências entre Modernos e Antigos

Qual eram os pontos de divergência entre a Grande Loja de Londres e de Westminster (fundada em 1717) e a Grande Loja dos Maçons Antigos (fundada em 1751)?

Primeiro vale relembrar que as duas Grandes Lojas em questão ficavam em Londres. Os principais pontos de divergências eram:

1. A Grande Loja de Londres e de Westminster foi fundada em 1717. Mais tarde, ela foi chamada pejorativamente de Grande Loja dos “Modernos”.  Trabalhava baseado na primeira constituição de Anderson (publicada em janeiro de 1723 pelo pastor presbiteriano James Anderson).  Por outro lado, a Grande Loja dos Maçons Antigos (Grand Lodge of  Ancient Masons), foi fundada em 1751.  Ela utilizava como constituição o trabalho Ahiman Rezon de Laurence Dermott (publicado em 1756).

2. A Grande Loja de Londres e de Westminster, até certo ponto, ignorava as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda, bem como as críticas vindas delas. Isso foi um dos fatores motivadores da fundação da Grande Loja dos Maçons Antigos.

3. A Grande Loja de Londres e de Westminster (os “Modernos”) aceitavam judeus e pela unificação do Rito católico-anglicano dos Antigo Deveres com o Rito calvinista da Palavra de Maçom, buscaram na esfera religiosa um conceito mais vasto ligado a noção de religião natural. A Grande Loja dos Maçons Antigos não aceitava a descristianização da Maçonaria.

4. A Grande Loja dos Maçons Antigos via o grau Mestre do Arco Real como parte integrante do grau de Mestre e não como um grau separado. O rito que eles praticavam era chamado Rito de York (embora não fosse realmente originário de York) e tinha apenas três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre, o qual incluía o Mestre do Arco Real.  Por outro lado, a Grande Loja de Londres e de Westminster (os “Modernos”) separava o grau de Mestre do grau de Mestre do Arco Real, o que os “Antigos” consideravam uma mutilação imperdoável do grau de Mestre Maçom.

Essas são as principais diferenças. Claro que havia também aspectos políticos na “concorrência” dessas duas Grandes Lojas.

Os pontos 3 e 4 acima são muito importante, e pouco conhecidos. A chamada pura maçonaria praticada pela Grande Loja dos Maçons Antigos na verdade excluía os não‑cristãos. Além disso, os sistemas maçônicos que hoje chamamos de Rito de York (americano, inglês, escocês e irlandês) e que se pretendem herdeiros das tradições da Grande Loja dos Maçons Antigo traem justamente um ponto básico daquela Grande Loja e adotam um tratamento “Moderno” ao manter o grau de Mestre do Arco Real separado do grau de Mestre Maçom.

sábado, 17 de março de 2012

Thomas Smith Webb e o Rito de York americano


É verdade que Thomas Smith Webb definiu o Rito de York (americano) no livro “Freemason’s Monitor” de sua autoria?

Rigorosamente não. E essa resposta é correta por três bons motivos: Primeiro, a expressão “York Rite” (Rito de York) não ocorre nenhuma vez  no livro “Freemason’s Monitor”. Segundo, nem todos os graus do  Rito de York americano aparecem no “Freemason’s Monitor”; os graus Crípticos, isto é, Mestre Real (Royal Master), Mestre Escolhido (Select Master) e Super-Excelente Mestre (Super Excellent Master) não estão mencionados lá. Terceiro, os graus de 4 a 14 do Rito Escocês Antigo e Aceito (Loja de Perfeição) estão incluídos no “Freemason’s Monitor”.

Ou seja, o “Freemason’s Monitor” não menciona o termo “York Rite” (Rito de York), não incluí todos os graus do Rito de York americano e incluí outros graus que não pertencem ao Rito de York americano.

Você pode verificar esses fatos por si mesmo na edição de 1808 do “Freemason’s Monitor” de Thomas Smith Webb, disponível no Google Book em pdf. Veja o link:

Thomas Smith Webb faleceu em 1819 e a última edição do “Freemason’s Monitor” publicada por ele foi em 1818 (sexta edição). Mesmo nessa edição de 1818, o “Freemason’s Monitor” não menciona o termo “York Rite” (Rito de York), não incluí os s os graus Crípticos do Rito de York americano e incluí outros graus que não pertencem ao Rito de York americano (os graus de 4 a 14 do Rito Escocês Antigo e Aceito).

Você pode verificar isso por si mesmo na edição de 1818 do “Freemason’s Monitor”, também  disponível no Google Books. Veja o link:


É verdade que Thomas Smith Webb patenteou o Rito de York (americano)?

Não. O que ocorre é que em maio de 1790 o Congresso Americano aprovou a primeira lei federal de Copyright (direitos autorais) nos Estados Unidos. O nome da lei era “An Act for the encouragement of learning, by securing the copies of maps, charts and books, to the authors and proprietors of such copies, during the times therein mentioned.” Originalmente os registros eram feitos nas Cortes Distritais. 

O que Thomas Webb fez foi justamente registrar seu livro “Freemason’s Monitor” (primeira edição), em 14 de setembro de 1797, na Corte Distrital de Rhode Island, para proteção de direitos autorais.

A informação do registro está no próprio livro de Webb, um pouco antes do Prefácio.
Novamente, você pode verificar por si mesmo: para a quarta edição (1808) do “Freemason’s Monitor” de Webb, disponível no Google Book em pdf, veja o link:
e  para a sexta edição (1818) do “Freemason’s Monitor” de Webb, também disponível no Google Book em pdf, veja o link:

Atualmente, o copyright do livro “Freemason’s Monitor” já expirou e a obra se tornou de domínio público. É justamente por isso que pode estar gratuitamente disponível no Google books.

Obs: há várias fontes sobre a História da legislação de Copyright nos Estados Unidos, uma delas é a seção Brief History of the Copyright Office no site oficial do Copyright Office:


Mas “York Rite” não é uma TradeMark ou Marca Registrada nos Estados Unidos?  

Não, de forma alguma.  Isso porque não é possível registrar como marca uma expressão tradicional.

Há alguns logotipos de organizações maçônicas que contém como um dos elementos a expressão “York Rite”, e que estão registrados como marcas. Porém o que está registrado é o logotipo como um todo.  Por exemplo, o  York Rite Sovereign College of of North America, fundado em 1957, tem seu logotipo registrado. Nesse logotipo dois, dentre vários, elementos são as expressões “Sovereign College”  e “York Rite”.  Mas isso não torna de forma nenhuma a expressão “York Rite” (ou “Sovereign College”) por si só uma marca registrada.

Se você quiser, você pode pesquisas a expressão “York Rite” no banco de dados oficial do Departamento de Marcas e Patente americano:


Por que Thomas Smith Webb é considerado o pai e fundador do Rito de York americano?

Thomas Webb, junto com outros, organizou e fundou o General Grand Chapter of Royal Arch Masons (Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco), e foi o responsável pela primeira constituição (estatuto) do General Grand Chapter of Royal Arch Masons, adotada em janeiro de 1799. Em 1816, em Nova York, ele organizou  e fundou o Grand Encampment of the United States (Grande Acampamento dos Estados Unidos), e foi também um dos autores de sua primeira constituição (estato).  Estes dois corpos maçônicos são a base sobre a qual mais tarde se estruturou o Rito de York americano.

Thomas Webb também participou ativamente na fundação de Grandes Capítulos (estaduais) do Real Arco, por exemplo, o Grand Chapter of Rhode Island, e de Comanderias, por exemplo, a St. John’s Commandery No. 1 of Providence.

Note porém que nem em seu livro “Freemason’s Monitor”, nem nas duas constituições mencionadas acima é utilizado o termo “York Rite” (Rito de York).   

Além disso, vale lembrar que tanto os escritos como o trabalho de Webb não incluem os graus Crípticos (Mestre Real, Mestre Escolhido, Super-Excelente Mestre), nem a organização destes graus em Conselho Crípticos.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Tradução do termo “Royal Arch” para o português


Qual a tradução mais correta para “Royal Arch”? Seria Real Arco ou Arco Real?

Entendemos que essa pergunta tem mais a ver com português do que propriamente com Maçonaria, mas vamos responder assim mesmo. 

O termo “Royal Arch” significa, em inglês, “Arco do Rei” e portanto nos parece que “Arco Real” seja uma melhor tradução, na mesma linha de “Royal Palace” ser “Palácio Real”, “Royal Crown” ser “Corôa Real”, “Royal Seal” ser “Selo Real”, etc…

Já o termo “Real Arco” embora possa perfeitamente também significar “Arco do Rei” sugere mais o sentido de “Arco verdadeiro”, “Arco que existe de verdade”, correspondendo assim mais ao que seria em inglês “Real Arch” e não “Royal Arch”.

As duas traduções nos parecem aceitáveis, apenas que a tradução “Arco Real” é melhor, mais precisa, do que “Real Arco”.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Blue Lodges e o Rito de York


Soube que existe uma Loja Maçônica no Estado de Idaho, nos Estados Unidos, que tem folders (panfletos) do Rito de York dizendo: "Mestre Maçom, você sabia que os trabalhos realizados em sua Loja Azul e em sua Grande Loja são do Rito de York? Continue trilhando este caminho ingressando no Real Arco." Isso não é uma evidência que os graus simbólicos nos Estados Unidos são parte do Rito de York?

Ao contrário. Reflita bem, irmão: se é preciso fazer um folder (panfleto) para dizer que os trabalhos na Blue Logde (Lojas Azuis - graus simbólicos) são do Rito de York é justamente porque isso não é óbvio. E essa situação ocorre porque na Maçonaria anglo-saxônica não é usual se atribuir rito aos graus simbólicos.

Vale ainda observar que nos Estados Unidos, há uma inevitável concorrência entre o Rito de York e o Rito Escocês Antigo e Aceito e ambos tentam atrair os Mestre Maçons para seus graus filosóficos. Embora essa concorrência seja elegante, é uma concorrência. Esse panfleto que você menciona é material de divulgação Rito de York e obviamente “puxa a sardinha” para o Rito de York.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Esclarecendo o termo “Rito de York”


O termo “Rito de York” é exclusivo da Maçonaria americana? É errado usar esse termo para designar graus ingleses?

O termo “Rito de York” não é exclusivo da Maçonaria americana. O termo “Rito de York” ou “Maçonaria de York” foi usado originalmente  pelos escoceses e irlandeses para se referir aos graus adicionais (além dos três graus simbólicos) praticados na Grande Loja dos Maçons Antigos, bem como as versões desses graus adicionais praticadas em suas próprias Grande Lojas (da Escócia e da Irlanda). Na realidade, a Grande Loja dos Maçons Antigos praticava o grau do Mestre do Arco Real, mas como parte integrante do grau de Mestre. Os irlandeses levaram essa nomenclatura “Rito de York” também para os Estados Unidos. Porém, na Europa, irlandeses e escoceses continuaram a chamar assim os graus adicionais, e mesmo quando as duas Grandes Lojas inglesas se fundiram, continuaram a usar o mesmo nome (York) para os graus "superiores" da Maçonaria. Apenas os ingleses, por várias razões, evitaram usar o nome “Rito de York”.

Assim, o nome "Rito de York" (e "Maçonaria de York") é usado, fora da Inglaterra, em vários países, para designar os graus superiores (além do grau 3) dos sistemas anglo-saxões.  Essa nomenclatura é usada, por exemplo, na Escócia, Irlanda, França e Chile.

Note que temos pelo menos QUATRO Ritos de York, a saber: da Inglaterra, da Escocia, da Irlanda, e dos Estados Unidos. Todos os quatro se originam dos graus adicionais praticados na Grande Loja do Maçons Antigos, todos sofreram mudanças e adaptações significativas e todos os quatro são igualmente “legítimos e verdadeiros”. É claro que há diferenças mais ou menos significativas entre eles.

Note também que nenhum dos chamados Ritos de York teve sua origem realmente na cidade de York ou na Grande Loja de York.

Exemplos que ilustram e comprovam o que foi dito acima:

1. Site do Supremo Grande Capítulo da Maçonaria de York no Colégio de Ritos do Grande Oriente de França:  

2. Site do Conselho Crípitico Salomon n.38, vinculado ao Supremo Grande Capítulo do Arco Real da Escócia, explicando a estrutura do Rito de York da Escócia.

Note que fora os graus cripiticos, os demais graus são tipicamente do sistema inglês, não havendo o grau de Past-Master, o grau de Mui Excelente Mestre sendo substituido pelo grau de Excelente Mestre (um grau tipicamente da Escócia e da Irlanda), tendo o grau de Royal Ark Mariners (Nautas), e Cavaleiro de Malta vindo depois de Cavaleiro Templário. (Obs. duncan no endereço do site não é uma referência ao riual de duncan, mas a Ducan Russel, webmaster responsável pelo site desse Conselho Crípitico)

3. Site do Capitulo do Arco Real St. Andrew n. 146 vinculado ao Supremo Grande Capítulo do Arco Real da Escócia explicando a estrutura do Rito de York da Escócia.

A explicação é a mesma que encontramos no site do Conselho Crípitico Salomon n. 38. O que mostra consistência. Vale ainda notar que ele tem o logo do Rito de York da Escócia é bem diferente do logo do Rito de York americano.

4. Site do Portal Masónico del Guajiro, apresentando o trabalho "Lo que conocemos como Rito de York" de Loja Prince of Wales Lodge Nº 19, Santiago, Chile (juridicionada a Grande Loja do Chile).

A introdução desse trabalho começa com a explicação: “Es costumbre en nuestro país, hablar de «Rito de York» en clara alusión al Rito que practican diversas Logias de habla inglesa, arraigadas en nuestro país

5. Link para o material do Seminário “EL “RITO DE YORK” O RITO DE EMULACION

Y EL REAL ARCO”  da Grande Loja do Chile.

Na página 6, temos: “El concepto de Rito de York merece, en primer lugar, una aclaración histórica. Esta categorización empírica se refiere en nuestra cultura a la masonería del sistema inglés. …. Es, entonces,una generalización del rito que se practica en Inglaterra, sin describir un ritual particular, sino a todos en general.

Na página 10: “El Rito de York se encuentra arraigado y validado por el nacimiento de la Gran Logia de Londres y Westminster, la Gran Logia Unida de Inglaterra y la unión de Modernos y Antiguos.”

Na página 20: “El Rito de Emulación constituye el único rito de origen inglés establecido y trabajado constitucionalmente en la G\L\ de Chile, bajo la denominación “Rito de York”.”


Podemos dizer que o Rito de York Americano é o Rito Inglês Antigo?

Não, definitivamente não. Pelo menos quatro graus do Rito de York americano não são de origem inglesa. O grau de Mui Excelente Mestre foi criado nos Estatdos Unidos, em substituição ao grau de Excelente Mestre (até hoje praticado na Escocia). O Grau de Super-Excelente Também foi criado nos Estados Unidos.  Os graus de Mestre Real e Mestre Escolhido foram originalmente criados como graus “laterais” no Rito da Perfeição e como tal chegaram ao Rito Escocês Antigo e Aceito. Mais tarde, esses graus “laterais” foram abandonados pelo Rito Escocês Antigo e Aceito e acabaram incluídos no Rito de York Americano. Bem posteriormente, esses três graus (Mestre Real, Mestre Escolhido e Super-Excelente Mestre) foram também incluídos no Rito de York da Escócia.

Sobre a história do Graus Crípticos (Mestre Real, Mestre Escolhido e Super-Excelente Mestre), veja, por exemplo:


Existe um “legítimo” (ou “verdadeiro”) Rito de York?

Na realidade o Rito de York original era o praticado na Grande Loja dos Maçons Antigos e deu origem a pelo menos quatro Ritos de York, a saber: da Inglaterra, da Escócia, da Irlanda, e dos Estados Unidos. Todos os quatro sofreram mudanças e adaptações significativas. Mesmo assim, todos os quatro devem ser considerados igualmente “legítimos e verdadeiros”. Dos quatro Ritos de York, o praticado na Irlanda é considerado o mais próximo do original.


Os graus simbólicos nos Estados Unidos são parte do Rito de York americano?

Rigorosamente não, por três motivos. Primeiro, na Maçonaria anglo-saxônica  não é usual se atribuir rito aos graus simbólicos. Segundo, os graus simbólicos nos Estados Unidos estão sob o controle da Grandes Lojas Estatudais. Portanto a Grande Loja de cada Estado define os rituais dos graus simbólicos como achar conveniente. Há estados onde os graus simbólicos são baseados no Emulation inglês (por exemplo: Grande Loja de Washington) e há estados onde os graus simbólicos são baseados no Rito Escoces Antigo e Aceito (por exemplo: Grande Loja da Louisiania).  Assim fica claro que não há, nem é preciso que haja, uniformidade entre os diferentes estados do Estados Unidos. Terceiro, mesmo nos estados onde os graus simbólicos são baseados no trabalho de Thomas Smith Webb, isso não justifica chamar tais graus simbólicos de “Rito de York”, pois o trabalho de Webb é muito mais abrangente, apresentando mais graus do que aqueles que compõem o Rito de York americano. Por exemplo, o grau de Mestre Secreto (grau 4 do Rito Escocês Antigo e Aceito) faz parte do Monitor de Webb.

Atualmente, algumas Grande Lojas americanas estão usando a expressão “Rito de York” para seus graus simbólicos, mas isso é uma extensão da nomenclatura, análoga a extensão do nome “Rito de York” (ou “Maçonaria de York”) para o Ritual de Emulation (inglês), que ocorre em alguns países como França, Chile e Brasil. 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Grande Loja dos Antigos vs Grande Loja de York


A Grande Loja dos Maçons Antigos ficava em York?

Não. A Grande Loja dos Maçons Antigos ficava em Londres.  É importante não confundir a Grande Loja dos Maçons Antigos com a Grande Loja de York.

A Grande Loja de York era na cidade York e foi fundada 1705. Vinte anos depois, em 1725, adotou o nome de Grande Loja de Toda Inglaterra.  Ela fechou em 1801.

A Grande Loja dos Maçons Antigos era em Londres (assim como a Grande Loja dos Modernos) e existiu de 1751 a 1813, quando fundiu-se com a Grande Loja dos Modernos para se torna a Grande Loja Unida da Inglaterra.

A título informativo, vamos apresentar resumidamente a cronologia das Grandes Lojas britânicas.

1705 – fundação da Grande Loja de York, situada na cidade inglesa de York

1717 – fundação da Grande Loja de Londres e de Westminster. Mais tarde chamada de “Modernos”.  Trabalhará baseado na primeira constituição de Anderson (publicada em janeiro de 1723 pelo pastor presbiteriano James Anderson).

1725 – Fundação da Grande Loja da Irlanda.

1725 – A Grande Loja de York adota o nome de Grande Loja de Toda Inglaterra.

1736 – fundação da Grande Loja da Escócia.

1751 –  Fundação da Grande Loja dos Maçons Antigos (Grand Lodge of  Ancient Masons), em Londres.  Ela utilisará como constituição o trabalho Ahiman Rezon de Laurence Dermott (publicada em 1756) .

1801 – Fechamento da Grande Loja de York (Grande Loja de Toda Inglaterra).

1813 – A Grande Loja de Londres e de Westminster (os “Modernos”) e a Grande Loja dos Maçons Antigos, ambas em Londres, se fundem criando a Grande Loja Unida da Inglaterra.