sábado, 17 de março de 2012

Thomas Smith Webb e o Rito de York americano


É verdade que Thomas Smith Webb definiu o Rito de York (americano) no livro “Freemason’s Monitor” de sua autoria?

Rigorosamente não. E essa resposta é correta por três bons motivos: Primeiro, a expressão “York Rite” (Rito de York) não ocorre nenhuma vez  no livro “Freemason’s Monitor”. Segundo, nem todos os graus do  Rito de York americano aparecem no “Freemason’s Monitor”; os graus Crípticos, isto é, Mestre Real (Royal Master), Mestre Escolhido (Select Master) e Super-Excelente Mestre (Super Excellent Master) não estão mencionados lá. Terceiro, os graus de 4 a 14 do Rito Escocês Antigo e Aceito (Loja de Perfeição) estão incluídos no “Freemason’s Monitor”.

Ou seja, o “Freemason’s Monitor” não menciona o termo “York Rite” (Rito de York), não incluí todos os graus do Rito de York americano e incluí outros graus que não pertencem ao Rito de York americano.

Você pode verificar esses fatos por si mesmo na edição de 1808 do “Freemason’s Monitor” de Thomas Smith Webb, disponível no Google Book em pdf. Veja o link:

Thomas Smith Webb faleceu em 1819 e a última edição do “Freemason’s Monitor” publicada por ele foi em 1818 (sexta edição). Mesmo nessa edição de 1818, o “Freemason’s Monitor” não menciona o termo “York Rite” (Rito de York), não incluí os s os graus Crípticos do Rito de York americano e incluí outros graus que não pertencem ao Rito de York americano (os graus de 4 a 14 do Rito Escocês Antigo e Aceito).

Você pode verificar isso por si mesmo na edição de 1818 do “Freemason’s Monitor”, também  disponível no Google Books. Veja o link:


É verdade que Thomas Smith Webb patenteou o Rito de York (americano)?

Não. O que ocorre é que em maio de 1790 o Congresso Americano aprovou a primeira lei federal de Copyright (direitos autorais) nos Estados Unidos. O nome da lei era “An Act for the encouragement of learning, by securing the copies of maps, charts and books, to the authors and proprietors of such copies, during the times therein mentioned.” Originalmente os registros eram feitos nas Cortes Distritais. 

O que Thomas Webb fez foi justamente registrar seu livro “Freemason’s Monitor” (primeira edição), em 14 de setembro de 1797, na Corte Distrital de Rhode Island, para proteção de direitos autorais.

A informação do registro está no próprio livro de Webb, um pouco antes do Prefácio.
Novamente, você pode verificar por si mesmo: para a quarta edição (1808) do “Freemason’s Monitor” de Webb, disponível no Google Book em pdf, veja o link:
e  para a sexta edição (1818) do “Freemason’s Monitor” de Webb, também disponível no Google Book em pdf, veja o link:

Atualmente, o copyright do livro “Freemason’s Monitor” já expirou e a obra se tornou de domínio público. É justamente por isso que pode estar gratuitamente disponível no Google books.

Obs: há várias fontes sobre a História da legislação de Copyright nos Estados Unidos, uma delas é a seção Brief History of the Copyright Office no site oficial do Copyright Office:


Mas “York Rite” não é uma TradeMark ou Marca Registrada nos Estados Unidos?  

Não, de forma alguma.  Isso porque não é possível registrar como marca uma expressão tradicional.

Há alguns logotipos de organizações maçônicas que contém como um dos elementos a expressão “York Rite”, e que estão registrados como marcas. Porém o que está registrado é o logotipo como um todo.  Por exemplo, o  York Rite Sovereign College of of North America, fundado em 1957, tem seu logotipo registrado. Nesse logotipo dois, dentre vários, elementos são as expressões “Sovereign College”  e “York Rite”.  Mas isso não torna de forma nenhuma a expressão “York Rite” (ou “Sovereign College”) por si só uma marca registrada.

Se você quiser, você pode pesquisas a expressão “York Rite” no banco de dados oficial do Departamento de Marcas e Patente americano:


Por que Thomas Smith Webb é considerado o pai e fundador do Rito de York americano?

Thomas Webb, junto com outros, organizou e fundou o General Grand Chapter of Royal Arch Masons (Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco), e foi o responsável pela primeira constituição (estatuto) do General Grand Chapter of Royal Arch Masons, adotada em janeiro de 1799. Em 1816, em Nova York, ele organizou  e fundou o Grand Encampment of the United States (Grande Acampamento dos Estados Unidos), e foi também um dos autores de sua primeira constituição (estato).  Estes dois corpos maçônicos são a base sobre a qual mais tarde se estruturou o Rito de York americano.

Thomas Webb também participou ativamente na fundação de Grandes Capítulos (estaduais) do Real Arco, por exemplo, o Grand Chapter of Rhode Island, e de Comanderias, por exemplo, a St. John’s Commandery No. 1 of Providence.

Note porém que nem em seu livro “Freemason’s Monitor”, nem nas duas constituições mencionadas acima é utilizado o termo “York Rite” (Rito de York).   

Além disso, vale lembrar que tanto os escritos como o trabalho de Webb não incluem os graus Crípticos (Mestre Real, Mestre Escolhido, Super-Excelente Mestre), nem a organização destes graus em Conselho Crípticos.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Tradução do termo “Royal Arch” para o português


Qual a tradução mais correta para “Royal Arch”? Seria Real Arco ou Arco Real?

Entendemos que essa pergunta tem mais a ver com português do que propriamente com Maçonaria, mas vamos responder assim mesmo. 

O termo “Royal Arch” significa, em inglês, “Arco do Rei” e portanto nos parece que “Arco Real” seja uma melhor tradução, na mesma linha de “Royal Palace” ser “Palácio Real”, “Royal Crown” ser “Corôa Real”, “Royal Seal” ser “Selo Real”, etc…

Já o termo “Real Arco” embora possa perfeitamente também significar “Arco do Rei” sugere mais o sentido de “Arco verdadeiro”, “Arco que existe de verdade”, correspondendo assim mais ao que seria em inglês “Real Arch” e não “Royal Arch”.

As duas traduções nos parecem aceitáveis, apenas que a tradução “Arco Real” é melhor, mais precisa, do que “Real Arco”.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Blue Lodges e o Rito de York


Soube que existe uma Loja Maçônica no Estado de Idaho, nos Estados Unidos, que tem folders (panfletos) do Rito de York dizendo: "Mestre Maçom, você sabia que os trabalhos realizados em sua Loja Azul e em sua Grande Loja são do Rito de York? Continue trilhando este caminho ingressando no Real Arco." Isso não é uma evidência que os graus simbólicos nos Estados Unidos são parte do Rito de York?

Ao contrário. Reflita bem, irmão: se é preciso fazer um folder (panfleto) para dizer que os trabalhos na Blue Logde (Lojas Azuis - graus simbólicos) são do Rito de York é justamente porque isso não é óbvio. E essa situação ocorre porque na Maçonaria anglo-saxônica não é usual se atribuir rito aos graus simbólicos.

Vale ainda observar que nos Estados Unidos, há uma inevitável concorrência entre o Rito de York e o Rito Escocês Antigo e Aceito e ambos tentam atrair os Mestre Maçons para seus graus filosóficos. Embora essa concorrência seja elegante, é uma concorrência. Esse panfleto que você menciona é material de divulgação Rito de York e obviamente “puxa a sardinha” para o Rito de York.