Quando
o termo “Rito de York” começou a ser usado oficialmente para o Rito de York
americano?
Como
já explicamos em nossa mensagem Esclarecendo o termo “Rito de York”, o termo “Rito de York” (e "Maçonaria de
York") foi, e ainda é, usado, fora da Inglaterra, em vários países (inclusive por escoceses,
irlandeses e franceses), para designar os graus superiores (além do grau 3) dos sistemas
anglo-saxões. Nesse sentido o termo “Rito de York” parece
ter sido usado de maneira informal também para a sistema americano (um dos
sistemas anglo-saxões), desde o seu começo.
Mesmo
hoje em dia, não existe nada que torne “oficial”, propriamente dito, o uso do
termo “Rito de York” para designar o Rito de York americano. Mas vale revermos
um pouco de História da Maçonaria para entendermos como a denominação evoluiu e
como somente a partir de 1957, o termo “Rito de York” começou a ser usado de maneira menos informal
para designar o Rito de York americano.
Porém
como observamos em nossa mensagem Thomas Smith Webb e o Rito de York americano, Thomas Smith Webb nunca usou o termo “York Rite” (Rito de
York), nem em seu livro “The Freemason’s Monitor”, nem nas constituições (estatutos) do General Grand Chapter of Royal Arch Masons (1799)
e Grand Encampment of the United States (1816).
Consideremos
agora Jeremy Ladd Cross, discípulo de Webb, que organizou os graus crípticos e
participou da fundação de Conselhos Crípticos, sendo portanto o “pai e
fundador” da Maçonaria Críptica nos Estados Unidos. Jeremy Cross publicou, em
1819, o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic Monitor”, contendo, além dos
três graus simbólicos, os quatro graus capitulares do Real Arco (Mestre de
Marca, Past Master, Mui Excelente Mestre, Mestre do Real Arco) e mais dois
graus crípticos: Mestre Real e Mestre
Escolhido.
É
importante observar que o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic Monitor”, publicado
22 anos após a primeira edição do “The Freemason’s Monitor” de Webb, também não
menciona o termo “York Rite” (Rito de York) e não incluí todos os graus do
Rito de York americano. E mesmo na sua
quarta edição, revisada e ampliada, publicada em 1826, o “The True Masonic
Chart or Hieroglyphic Monitor” ainda não menciona o termo “York Rite” (Rito
de York) e ainda não incluí todos os graus do Rito de York americano.
Você
pode ver por si mesmo, consultando o “The True Masonic Chart or Hieroglyphic
Monitor”, quarta edição, revisada e ampliada, publicada em 1826, nos sites:
Fica
claro portanto que pelo menos até 1826, se considerava os Capítulos do Real
Arco, os Conselhos Crípticos e as Comanderias como três corpos maçônicos
independentes, e não como partes de um todo.
Nessa
época, o termo “Rito York”, se é que era usado para designar o Rito de York
americano, o era de maneira informal, mais como sinônimo dos graus capitulares
do Real Arco, do que para indicar o Rito de York americano como entendemos
hoje. Isso seria até certo ponto
consistente a prática irlandesa e escocesa de chamar os graus superiores da
Maçonaria britânica de Rito de York.
Em
1858, na quarta edição do “A Lexicon of Freemasonry” de Albert Mackey,
encontramos o termo “York Rite” (Rito de York) definido, na página 522, como o
rito praticado em todas as lojas inglesas e americana “embora tenha se desviado
um pouco de sua pureza”. Mackey explica que
originalmente esse rito consistia apenas dos três graus simbólicos, mas que nos
Estados Unidos se acrescentaram quatro outros graus (os graus capitulares do
Real Arco) e comenta que em alguns estados se acrescentam ainda outros dois
Mestre Real e Mestre Escolhido.
Você
pode consultar por si mesmo o livro “A Lexicon of Freemasonry” de Albert Mackey,
quarta edição, 1858, em:
Em
1859, quarenta anos após a morte de Thomas Smith Webb, Rob Morris reeditou o
livro de Webb “The Freemason’s Monitor”, fazendo algumas alterações importantes:
incluiu, baseado no trabalho de Jeremy L. Cross, os graus Crípticos de Mestre
Real (Royal Master) e Mestre Escolhido (Select Master) e retirou os graus de
Loja de Perfeição do Rito Escocês Antigo e Aceito. Rob Morris também incluiu um apêndice com “Uma
Sinopse da Lei Maçônica” de sua autoria.
O
grau de Super-Excelente Mestre ainda não foi incluído e nos graus de cavalaria
Morris ainda manteve a ordem descrita por Webb, e que é de origem inglesa: o
grau de Cavaleiro de Malta vindo após o grau Cavaleiro Templário. Apesar disso,
é inegável que a obra de Morris essencialmente reflete o Rito de York americano
como hoje o entendemos. No entanto, a obra de Morris não menciona o termo
“York Rite” (Rito de York) nenhuma vez.
Você
pode consultar por si mesmo o livro “The Freemason’s Monitor” de Webb e Morris,
1859, em:
Em
1873 e 1875, Albert Mackey publica a “Encyclopedia of Freemasonry” que no
verbete “American Rite” registra: “Tem sido proposto, e eu creio que
acertadamente, dar este nome para a série de graus praticados nos Estados
Unidos. O Rito de York, que é o nome pelo qual esse graus são usualmente
designados, é com certeza um nome inadequado, pois o Rito de York propriamente
dito consiste apenas dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom,
incluindo nesse último grau o Sagrado Arco Real.” Fica claro, que duas nomenclaturas estão em
uso: Rito Americano e Rito de York sem que nenhuma seja oficial.
Em
seguida, ainda no verbete “American Rite”, Mackey registra que o rito teria, a
rigor, nove graus: os três simbólicos mais Mestre de Marca, Past Master, Muy
Excelente Mestre, Mestre do Real Arco, Mestre Real e Mestre Escolhido. Comente
que alguns Conselhos Crípiticos incluem um décimo grau honorífico chamado
Super-Excelente Mestre, mas que muitos Conselhos Crípticos repudiam tal grau
mesmo como apenas honorífico. Mackey
também comenta que há também os três graus de Cavalaria, mas que esses
dificilmente podem realmente ser considerados parte do Rito Americano, pois
funcionam independente e nem mesmo é requerido ser ter os graus de Mestre real
e de Mestre Escolhido para receber os graus de Cavalaria. Mackey conclui que o
Rito Americano propriamente dito
consiste só do nove graus citados acima.
Você
pode ler a integra do texto do verbete “American Rite”, na página 69, em:
No
verbete “York Rite”, Mackey reforça que o Rito de York propriamente dito consiste
apenas dos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom, incluindo nesse
último grau o Sagrado Arco Real. Mackey continua: “Nos Estados Unidos, tem sido
um uso quase universal chamar a Maçonaria praticada lá de Rito de York. Mas ela
não tem mais direito a esse nome do que teria ao nome Rito Antigo e Aceito ou
Rito Francês, ou Rito de Schröder. Ela não tem como pretender-se Rito de York.
Dos seus três graus iniciais, o grau de Mestre é a versão mutilada que
justamente afastou a Maçonaria inglesa do Rito de York, e além disso,
acrescentou a esses três graus iniciais outros seis graus que são completamente
desconhecidos para o antigo Rito de York.”
Vemos
portanto que Mackey, em 1875, é claramente favorável a nomenclatura “Rito
Americano” e considera um erro chamar a Maçonaria praticada nos Estados Unidos
de “Rito de York”.
Você
pode ler a integra do texto do verbete “York Rite”, na página 1036, em:
Albert
Mackey faleceu em 1881, mas sua “Encyclopedia of Freemasonry” teve várias reedições,
e talvez por influência dela, vemos claramente até meados do século XX a denominação “American Rite” (Rito
Americano) sendo usada de maneira mais formal e o nome “York Rite” (Rito de
York) de maneira mais informal.
Por
exemplo, em 1916, J. L. Carson, num artigo na revista maçônica “The Builder”
escreve um artigo falando sucintamente sobre alguns ritos maçônicos. No item “The American Rite”, ele escreve “O Rito
Americano, ou Rito de York como é comumente embora erroneamente chamado, é
peculiar aos Estados Unidos da América, e o termo Rito Americano é
perfeitamente aplicável”. Em seguida,
ele lista os treze graus: incluindo o Super-Excelente Mestre nos graus
Crípticos, mas ainda colocando Cavaleiro de Malta depois de Cavaleiro Templário.
Veja em:
Outro
exemplo: em 1942, William B. Greer publica seu
livro com o título “American Rite of Freemasonry Commonly Known As the
York Rite” (“Rito Americanos de Franco-maçonaria comumente conhecido como Rito
de York”). Veja em:
Finalmente,
em 1957, é fundado em Detroit, Michingan, o “Soberano Colégio do Rito de York
da América do Norte” (“York Rite Sovereign College of North America”). Veja, por exemplo, em :
Só
a partir então de 1957, a denominação "Rito de York" começou ser usada de
maneira menos informal para o Rito Americano, mesmo assim até hoje muitos
preferem a denominação Rito Americano e a utilizam mesmo em publicação e sites
oficiais. Por exemplo: