Um
amigo meu me garantiu que “o Rito Escocês
não está subordinado ao Grande Oriente de França. Pelo contrário: o Soberano
Grande Commendador Jean Guillaume Viernet resistiu ao Grão-Mestre Magnan (o
marechal do exército francês que não era Maçom e foi imposto por Napoleão III
para pacificar a Maçonaria francesa) e jamais se submeteu. O Supremo Conselho
de França, Corpo autônomo e independente, só abriu mão dos três primeiros Graus
quando essa separação ficou definida por influência do Supremo Conselho de
Charleston”. Isso está correto?
Não.
Seu amigo está confundindo coisas diferentes. Vamos por partes. Primeiro, não
existe, como organização, “o Rito Escocês”. O que existem são Supremos
Conselhos, organizações que controlam a prática do Rito.
Na
França existem, pelo menos, TRÊS Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e
Aceito que são importantes, têm peso e são considerados legítimos pelos
franceses. É sempre fundamental sabermos
de qual deles estamos falando e não misturar um com o outro.
Vamos
explicar resumidamente:
1. Em outubro de 1804, após a fundação do
primeiro Supremo Conselho do REAA em 1801 em Chaleston, o Conde de Grasse-Tilly
retornou a França e fundou, em Paris, o segundo Supremo Conselho do REAA no
mundo.
2.
A partir de 1805 (aindo no governo de Napoleão I), o Grande Oriente de França se
apoderou do controle do Supremo Conselho do REAA (tratado de dezembro de 1804).
3.
Em 1815, o Supremo Conselho do REAA subordinado ao Grande Oriente de França
passa a se chamar “Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien
Accepté”.
4.
Em 1821, é fundado um outro Supremo Conselho do REAA, o “Suprême Conseil de
France”, potência maçônica independente e soberana, controlando do grau 1
ao 33, e criando por conta própria lojas simbólicas. Esse Supremo Conselho se
considera (por algumas razões) também como uma continuação do Supremo Conselho
original fundado em Paris pelo Conde Grasse-Tilly em 1804. Foi esse Supremo
Conselho, que o Grande Oriente de
França, sob o comando do Grão-Mestre Marechal Magnan, tentou absorver, durante
o governo de Napoleão III. O Soberano Grande Commendador DESSE Supremo Conselho
era, na época, Jean Guillaume Viernet.
5.
Embora em 1897, o “Suprême Conseil de France” tenha criado uma Grande
Loja (“Grande Loge de France”) e tenha em 1904 delegado a essa Grande
Loja a emissão de cartas constitutivas de Lojas, permanece até hoje com o “Suprême
Conseil de France” o controle de todos os seus graus (de 1 a 33).
6.
Em 1964, há um cisma no “Suprême Conseil de France”, e o Soberano Grande
Comendador Charles Riandey, junto com outro 400 irmãos se retiram. Acreditavam,
erroneamente, que com isso o “Suprême Conseil de France” deixaria de
existir.
7.
Em 1965, contando com o apoio do Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados
Unidos, Charles Riandey e os dissidentes fundaram um Supremo Conselho do REAA,
nos moldes americanos, chamado “Suprême Conseil pour la France” que é o
único reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos Estados Unidos. O
“Suprême Conseil pour la France” trabalha junto com a “Grande Loge
nationale française”
Portanto,
é verdade que:
A.
O Supremo Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito do
Grande Oriente de França (“Suprême
Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté”) está subordinado ao Grande Oriente França, através do Colégio de Ritos.
B. Há um outro
Supremo Conselho do REAA, o “Suprême Conseil de France” que resistiu
bravamente a tentativa de ser incorporado ao Grande Oriente. Mas, que não abriu
mão de grau nenhum e nem é reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição
Sul dos Estados Unidos.
C.
Há um terceiro Supremo Conselho do REAA, o “Suprême Conseil pour la France”,
fundado em 1965 e que é o reconhecido pelo Supremo Conselho da Jurisdição Sul
dos Estados Unidos.
Você
pode ler um bom resumo da História do REAA na França em:
Ou
pode consultar também diretamente os sites:
A.
Suprême Conseil Grand Collège du Rite Écossais Ancien Accepté
B.
Suprême Conseil de France
C.
Suprême Conseil pour la France